NOTA DE PESAR: Yamandú Carlevaro

O Docomomo Brasil lamenta pelo falecimento do arquiteto
e urbanista Yamandú Carlevaro. Arquiteto uruguaio com
atuação no Uruguai, Espanha e Brasil, deixa um importante
legado de obras construídas, projetos, concursos e passagem
pela docência.

Autor de inúmeros trabalhos nos mais variados campos de ação do arquiteto, Carlevaro se consolidou como um especialista que sabia agir nas distintas escalas de trabalho, desde conjuntos habitacionais, planejamento urbano a residências unifamiliares, sempre com rigor, humanismo e técnica.

Parte de sua arquitetura transita entre a tradição e a modernidade, onde trata de conciliar a interação entre as duas, como deixa claro em seus projetos residenciais, principalmente, com a presença da telha e do telhado aparente, do tijolo maciço, das varandas, das paredes mais puristas e abstratas, do concreto armado aparente e do vidro. Em outras obras, a arquitetura moderna é a protagonista.

E talvez seu projeto mais emblemático, que lhe conferiu maior reputação no Brasil, foi o Terminal Rodoviário Rita Maria, de Florianópolis. Um generoso edifício – e marco da arquitetura moderna catarinense – em concreto armado aparente, integrado ao sistema viário e a cidade. Nesta obra, desenvolvida para um concurso público em parceria com o também arquiteto uruguaio Enrique Brena, ambos puderam explorar a plasticidade, a física e a mecânica de uma estrutura concebida com a intenção de integrar e disponibilizar um espaço, ao publico, que estivesse à altura de um local digno de chegada à cidade. Neste empreendimento, desenvolveram uma cobertura moldada in loco como tubos hexagonais em uma fina camada de argamassa armada e generosos vãos.

Carlevaro participou de muitos concursos de arquitetura, os quais defendia arduamente como um importante instrumento de concepção de boas soluções para os programas apresentados. Como professor, pode-se dizer que ele se debruçava incansavelmente sobre as pranchetas de desenho, e não arredava o pé até que as situações mais truncadas e sem solução, trazidas pelos alunos, tivessem respostas coerentes e honestas desenhadas.

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