publicações | DOCOMOMO Brasil The Rise of Popular Modernist Architecture in Brazil

The Rise of Popular Modernist Architecture in Brazil

Fernando Luiz Lara

Quando Walter Gropius visitou a casa de Niemeyer em Canoas, em 1954, comentou que a casa era verdadeiramente bonita mas infelizmente não podia ser produzida em massa. Os comentários de Gropius ecoaram durante décadas entre os arquitetos brasileiros, que ouviram as observações do mestre alemão como crítica amarga. Considerando que pouca pre-fabricação estava sendo usada no Brasil, o país não podia figurar entre as nações líderes da arquitetura moderna, apesar das formas elegantes e mundialmente famosas de seus edifícios.

O que é interessante perceber a partir do estudo do Modernismo Popular brasileiro dos anos 50 é um abismo notável entre produção e reprodução. Enquanto a casa de Niemeyer não podia ser produzida em massa como Gropius defendia que toda casa deveria ser, sua estética estava naquele mesmo momento sendo reproduzida em centenas de milhares de casas de classe média.

É objeto deste livro a idéia de que escapando à obsessão modernista com a produção, o modernismo brasileiro foi maciçamente reproduzido, com processos e técnicas adaptadas à realidade local. Partindo de tendências contraditórias misturadas numa atitude antropofágica, a classe média brasileira pode ter construído um tipo singular de modernismo com atitude pós-moderna.

A pesquisa em que se baseia este livro buscou entender as razões e as formas pela qual o vocabulário arquitetônico modernista se infiltrou por quase todo o estrato social no Brasil dos anos 50, revelando uma singular aproximação entre o gosto popular e a arquitetura erudite que fez com que elementos de arquitetura moderna fossem maciçamente apropriados. Sem pretender glorificar o fenômeno do modernismo popular ou compará-lo com os exemplos paradigmáticos da nossa arquitetura moderna, este livro serve como uma ponte para compreender as complexidades do tempo e do espaço desta singular apropriação.

Baseado num levantamento de mais de quinhentas residencias, Lara parte das características físicas de tais estruturas para enfrentar o desafio de contextualizá-las no momento brasileiro dos anos 50. Ao fazê-lo, desloca a historiografia tradicional da arquitetura moderna e desafia os limites da própria definição da arquitetura como disciplina.