7º Seminário DOCOMOMO Brasil
Porto Alegre | 22 a 24 de outubro de 2007

O moderno já passado | O passado no moderno
reciclagem, requalificação, rearquitetura

Reciclagem, requalificação, rearquitetura vem se tornando problemas corriqueiros na agenda do arquiteto contemporâneo. A situação reflete o interesse cultural e econômico na conservação de testemunhos do passado, mesmo quando de um passado recente. Entre eles se contam também os exemplares da arquitetura que se firmou proclamando-se moderna em 1928, entrou em crise de identidade por volta dos 1970 e pode considerar-se agora patrimônio. O interesse abrange a edificação ordinária e a monumental, qualquer que fosse o seu compromisso original com a durabilidade.Favorece a coexistência no espaço de formas de épocas distintas, alia-se à valorização multifacetada da diversidade. Afinal, o espírito do presente não é exclusivista nem utópico. Estranha a idéia da construção sobre terra arrasada dum
admirável mundo novo formalmente unificado. Parece-lhe anacrônica, culturalmente absurda e economicamente míope.

De outro lado, reciclagem, requalificação, rearquitetura se generalizam porque pressões culturais e econômicas conspiram contra a conservação de testemunhos do passado na feição e função original. Em raros casos, a conversão da obra em museu de si própria é saída razoável, mas mesmo então alguma intervenção adaptativa se impõe. Daí que a conservação é, em maior ou menor grau, fragmentária e híbrida, fruto de um projeto singular e novo. Reciclagem, requalificação, rearquitetura constituem um projeto ambivalente, cuja matéria prima é pedaço de forma do passado mas é moderno na acepção comum de empreendimento de hoje, ainda que o pedaço seja moderno no sentido particular de forma de ontem. Os paradoxos que propõem merecem exploração ampla e profunda. Os trabalhos aqui registrados aceitaram esse desafio e comprovam, uma vez mais, a importância do DOCOMOMO como foro de discussão de arquitetura no Brasil.