Sanatório de Curicica

Atual Hospital Municipal Raphael de Paula Souza e Centro de Referência Professor Hélio Fraga, Ensp/Fiocruz.
Arquiteto Sergio Bernardes, 1952.

Vista do Sanatório de Curicica Sanatorium durante sua construção. Fonte: Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. Sem data

Inaugurado em 25 de janeiro de 1952, é parte de uma série de quatro hospitais para doenças tratadas em isolamento na Baixada de Jacarepaguá, cidade do Rio de Janeiro, Brasil, que foram implantados entre as décadas de 1920 e 1950, quando a região ainda tinha características rurais.

O complexo sanatorial, com caráter de experimentação e de vanguarda, se encontra em processo de tombamento em nível municipal, e em risco de perder suas características plásticas e de habitabilidade propostas no projeto, bem como ter destruídas partes ainda existentes da construção original. O projeto é representativo das primeiras obras do arquiteto carioca Sergio Bernardes, quando este dirigia o Setor de Arquitetura da Campanha Nacional Contra a Tuberculose (CNCT), subordinada ao Serviço Nacional de Tuberculose (SNT). Segundo a recomendação do SNT, a construção deveria ser econômica e de baixo custo de manutenção, seguindo princípios de racionalidade projetual e construtiva. O programa original previa pavilhões de tratamentos para os tuberculosos, edifício hospitalar, edifícios complementares administrativos e de serviços, igreja, edifícios destinados à pesquisa, casa do diretor médico e alojamento para os funcionários.

Vista do Sanatório de Curicica Sanatorium durante sua construção. Fonte: Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. Sem data

Os edifícios mais significativos, como a Igreja e a residência do médico, apresentam qualidades únicas e destacam-se, sendo seguidos por sequências de pátios ajardinados e pavilhões de mesmas dimensões articulados por passagens cobertas. O conjunto dos pavilhões de tratamento segue rigorosamente uma modulação. Essa opção se refletiu ainda na utilização de sistema de pré-moldados em concreto armado, permitindo o barateamento e a rapidez da obra, atendendo as recomendações do ministério e possibilitando a reprodução de complexos similares como o da extensão do Sanatório de Sancho em Pernambuco. O resultado da espacialidade, longe de ser apenas funcional, é de grande efeito plástico, criando-se um percurso em que o ritmo de edificações e áreas abertas propicia um lugar com características arquitetônicas excepcionais.

A partir da década de 1980 com a extinção da CNTC e, posteriormente até o ano 2000, com a municipalização dos serviços de saúde, o complexo foi dividido em duas instituições. Uma hospitalar e municipal, com os pavilhões de tratamento, o hospital e edifícios de serviços complementares - administrativos e de serviços. Outra de pesquisa e federal, que conta com os edifícios originalmente pensados para esta finalidade, bem como a casa do diretor e os alojamentos, sob a responsabilidade da Escola Nacional de Saúde Publica (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

A parte do complexo sob a gestão federal está razoavelmente preservada, embora exija recuperação e manutenção adequadas. Isto não ocorre com o conjunto de edifícios que servem ao hospital municipal. Esse, em situação precária de manutenção e de perda eminente, apresenta os limites do terreno em parte invadidos por habitações de baixa-renda e pelo próprio poder municipal, que em um dos extremos construiu creches para atender crianças das imediações, e, em outra, demoliu pavilhões alegando a precariedade da sua conservação para promover a construção de escolas públicas. Ambos os usos são inadequados, pois estão na proximidade de um hospital que atende tuberculosos com alto grau de contaminação.

Aliado a isso, a baixada de Jacarepaguá é hoje um dos principais eixos de interesse do capital imobiliário, o que foi intensificado com a criação do sistema de transporte de superfície baseado em corredores expressos de ônibus ou Bus Rapid Transit – BRT, que teve impacto significativo, formal e de escala, sobre o conjunto, pois na sua parte frontal passa em via elevada. Por outro lado, é consequente o efeito deste sistema de transporte sobre a estrutura fundiária e social da região, possibilitando um maior valor de mercado ao terreno e possibilitando o consequente interesse pela desativação do hospital para alienação.

Autores: Ana Albano Amora, Renato Gama-Rosa Costa, Thaysa Malaquias, Michael Jordan

Severiano Mario Porto

Promovida pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas (CAU/AM) em comemoração aos 87 anos do arquiteto Severiano Mário Porto, a Exposição Itinerante “Severiano Mario Porto” conta com 16 quadros fotográficos que retratam a obra do arquiteto no Amazonas. Assinam a exposição fotográfica:.Gonzalo Renato Nunez Melgar, Heraldo Costa dos Reis e Iuçana Mouco

Em março de 2017, foram tombadas pela Assembleia Legislativa do Amazonas, por seu interesse arquitetônico, histórico e cultural, as edificações projetadas por Porto construídas no Estado do Amazonas. Entre elas está o Fórum Henoch Reis, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM), a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a Sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e mais de 20 outras importantes obras.

Kirchgässner: um modernista solitário

A mostra montada no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, até o dia 4 de junho, sob a curadoria de Salvador Gnoato  (secretário executivo do Docomomo_Brasil 2012 - 2013), conta com obras ainda desconhecidas do arquiteto que antecipou o modernismo no Brasil, Frederico Kirchgassner (1899-1988). Conta também por obras de Hilda Kirchgassner, sua esposa, que também era artista visual.

sobre o arquiteto

Kirchgässner nasceu na Alemanha em 1899, vindo para o Brasil em 1909. Instalado em Curitiba, estudou Artes Plásticas e Arquitetura por correspondência na Architektur System Karnack Halchfeld de Potsdam e na Deutsche Kunstchule de Berlim. No final da década de 1920, foi para Berlim onde fez provas e tirou seu diploma. De volta a Curitiba, projetou a casa em que morou, no ano de 1930 e desenhou e produziu seus móveis de design inovador. Localizada no centro da capital paranaense, a casa de Kirchgassner surpreendeu com a estética modernista. “Inserido na formação multicultural de Curitiba, Kirchgassner executou as primeiras casas modernistas da cidade dentro do espírito das vanguardas da Alemanha dos anos 1920”, pontua o curador da exposição. Além da arquitetura, dedicou-se à pintura, e este seu lado artístico também é exposto na mostra.