A Universidade Federal do Pará, o Programa de Pós graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU), a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, e os laboratorios de Historiografia da Arquitetura e Cultura Arquitetônica (LAHCA) e de Memória e Patrimônio Cultural (LAMEMO), e o Núcleo Docomomo_PA, têm a satisfação de apresentar e convidar a todos a participarem do 14o Seminário Docomomo Brasil, que será realizado em Belém do Pará, entre os dias 27 e 29 de outubro de 2021.
Coordenação Geral:
Profas. Celma Chaves e Cybelle Miranda
Tema: O MODERNO EM MOVIMENTO: USOS, REUSOS, NOVAS CARTOGRAFIAS. Presente e futuro do legado da arquitetura moderna no Brasil
As transformações pelas quais passam o planeta atualmente, envolvendo todo o globo e todas suas manifestações de vida e seus hábitats, entre eles, as construções realizadas para as mais diversas atividades humanas, nos colocam dilemas e indagações. Diante de uma pandemia global, é natural que nós, arquitetas e arquitetos, e os demais atores ligados à produção dos espaços, nos perguntemos: qual será o futuro da arquitetura e da cidade? O que teremos que mudar para nos adequarmos à necessidade de novos padrões de concepção e execução de obras de arquitetura, de espaços públicos, e de intervenções, entre elas, nas obras da arquitetura moderna?
Ao considerar a arquitetura como uma ação em que se integram diferentes níveis de atuação do homem no mundo, é imperioso que esses níveis se abram às perspectivas que, na atualidade, impactam as condições de vida dos homens como seres habitantes do planeta.
Nessa direção, faz-se necessário recuperar as digressões pertinentes dos diversos
divulgadores, promotores e pensadores do movimento moderno.
Os princípios formulados pelos arquitetos que compunham o movimento moderno, ressoam, por um lado, com as necessidades de retorno a uma cidade saudável, ainda que com uma ruptura radical com o lugar. Por outro lado, é fundamental analisar as casas modernas se queremos entender a arquitetura da modernidade. Tanto a casa como a cidade no movimento moderno operaram com um sentido além de suas “funções”: era preciso ser refúgio, mas também ponto de partida para as ações do homem no mundo. Habitar, mas também como diria Le Corbusier quando mencionava a instituição pública, era não apenas uma função privada, mas um prolongamento da casa, pois o homem não habita apenas sua própria casa,
mas também habita quando participa em uma comunidade e a instituição torna possível essa participação.
Em que pese as críticas de que o movimento moderno repudiava a natureza, a história e a cidade em prol da máquina, é visível o pensamento integrador entre arquitetura e natureza em obras como a Falling Water de Frank Lloyd Wright, ou a Villa Mairea de Alvar Aalto, ou as torres de Rogelio Salmona em Bogotá. Mas não apenas nos edifícios estão essas ligações, Brasília é um exemplo da interação arquitetura-cidade e natureza.
No atual contexto de revisão de paradigmas e reconhecimento de alternativas filosóficas e construtivas em prol de uma arquitetura humanizada, a abordagem do edifício em conciliação com seu entorno faz-se primordial, especialmente na relação com a paisagem, em que incidem elementos naturais, componentes sociais e culturais. Nessa perspectiva, tipologias diversas que compõem os conjuntos de edifícios do movimento moderno, como os hospitais, oferecem um desafio maior para sua compreensão enquanto fator de modernização na assistência à saúde, em face das constantes reformas por que passam suas instalações, sendo colocados em cheque aspectos como salubridade, sustentabilidade de gestão e reconhecimento de detalhes técnicos que possam lhes conferir identidade.
O projeto cultural e também social, foram fundamentos do movimento moderno como bem nos apontou Anatole Kopp, a causa moderna estava além da estilística ou da forma às quais o moderno passou a ser identificado ao longo do tempo. As mudanças sociais, culturais e políticas pelas quais os países estavam passando nas primeiras décadas do século XX instaram os arquitetos a realizarem novas propostas de espaços de morar, de trabalhar, de atividades de ócio, espaços de saúde etc. Nesse sentido, é evidente a importância dos aspectos relacionados não somente à natureza como ambiente físico, mas também à perspectiva em agregar a essa natureza os valores imprescindíveis para uma melhor vida humana nos espaços
inventados pelo homem, que na história recente da humanidade se perderam por ações nocivas às variadas biodiversidades inerentes aos meios físicos.
Passados mais de um século da irrupção das ideias modernas, e dadas as notáveis
transformações que o planeta vem atravessando nas últimas décadas, é indiscutível a importância de se retomar os princípios sobre os quais a ideia de um moderno hegemônico se desenvolveu. A noção do conhecimento do passado precisa ser repensada juntamente com uma revisão historiográfica a partir de outras visadas. Uma delas é a interpretação do passado, que embora como fato não possa ser modificado, a visão desse passado sim, na ampla acepção que Marc Bloch nos apresenta: um passado como estrutura em constante movimento.
Nesse sentido, o Docomomo 2021 que será sediado em Belém do Pará, na região amazônica brasileira, território que vem sendo impactado por diversas agressões ao seu meio físico e suas populações, como os desmatamentos, os incêndios e apagões elétricos, e as respostas ineficazes ou inexistentes aos recorrentes problemas sociais como a moradia e suas infraestruturas, nos desafia a pensar respostas a um presente em que ambiente e humanidade correm sérios riscos de destruições irreversíveis. Essas questões demandam respostas urgentes para qualificar o espaço das cidades e seu ambiente construído, incluindo repúdio ao apagamento da historia e da memória local.
Convém apontar também a diversidade da arquitetura moderna em um país continental como o Brasil, que apresenta um panorama heterogêneo e rico, porém ainda de pouca visibilidade, especialmente nas regiões onde a produção dessa arquitetura se deu por razões fora da
causalidade industrialização e progressismo, mas que foi decorrência de tramas complexas que compõem a realidade local. Assim, faz-se necessário em um evento de abrangência nacional, escutar outras vozes que nos possibilitam ter um panorama mais inclusivo e rico.
Considerar as questões aqui enunciadas significa revisitar a arquitetura do movimento moderno sob uma perspectiva que inclua os distintos olhares sobre ela e seus fundamentos. Novas possibilidades de pensar o presente e o futuro dessa arquitetura, e formular novas ideias baseadas nas experiências do movimento moderno e seu legado, requer recuperar concepções que estejam de acordo com as necessidades apresentada pela sociedade hoje. Isso nos leva a refletir acerca dos (novos) usos dos edifícios da arquitetura moderna.
Observam-se constantemente intervenções que quase sempre alteram as linhas originais dessas obras, afetando seu valor patrimonial e apagando sua memória e história. É inegável a transformação do património no curso da história que se adaptem aos novos usos e expectativas sociais, porém é imprescindível a atenção aos processos que contribuem à sua valoração ou à negação de sua concepção moderna.
Para contemplar tais questões aqui apresentadas, o seminário propõe 04 eixos temáticos:
1. A arquitetura moderna, cultura e natureza.
Este eixo temático acolherá trabalhos que abordem a natureza na sua relação com o espaço construído em suas várias escalas; experiências de projeto ou de pesquisa que contemplem o sentido da arquitetura moderna e sua interface com a questão da sustentabilidade; a arquitetura moderna como expressão de culturas.
2. Documentar. Preservar. Conservar. O patrimônio moderno e seus usos e reusos.
Esperam-se trabalhos que abordem os processos de documentação, preservação e
conservação de obras da arquitetura moderna em seu amplo sentido; registros e acesso aos acervos do patrimônio moderno; práticas de construções e intervenções no existente;
3. Novas cartografias e cronologias da arquitetura e do urbanismo modernos no Brasil. Este eixo acolhe trabalhos que enfocam a historiografia da arquitetura e do urbanismo modernos no Brasil, contemplando as variadas expressões da arquitetura moderna, deslocando e ampliando as geografias e as cronologias até então usuais na historiografia;
4. Espaços modernos e os novos desafios técnicos, ecológicos e sociais do legado da arquitetura moderna. Este eixo acolhe trabalhos que tratem dos diferentes espaços modernos que abrigam usos em áreas educacionais, da saúde, institucionais, e os desafios para sua permanência, considerando-se fatores como qualidade e sustentabilidade.
CRONOGRAMA DA CHAMADA DE TRABALHOS
Data da realização do seminario: 27, 28 e 29 de outubro de 2021
Local: Belém – Universidade Federal do Pará – Programa de Pós graduação em Arquitetura e Urbanismo
Data limite para envio de artigos completos: 31/05/2021
O artigo deverá conter entre 4000 e 6000 palavras, de acordo com o template a ser divulgado proximamente no site do evento. Cada autor poderá participar em no máximo dois artigos. Cada artigo deverá ter no máximo três autores
Postêres para alunos de graduação: cronograma a ser definido.
E-mail para contato: docomomobr14@gmail.com