Por Maria Lucia Bressan Pinheiro / Foto Grupo Conserva FAU
Em dezembro de 2017, a FAUUSP entregou o relatório final do projeto “Um plano de gestão da conservação para o edifício Vilanova Artigas, da FAUUSP”, financiado com recursos do programa Keeping It Modern, da Fundação Getty. Baseado na metodologia de elaboração dos Conservation Management Plans, desenvolvida por James Semple Kerr, que tem sido bastante aplicada em países como o Reino Unido e a Austrália, o projeto optou por privilegiar a formulação de diretrizes para ações de manutenção e conservação necessárias à preservação de dois dos mais significativos elementos do edifício Vilanova Artigas, que são também aqueles mais desafiadores do ponto de vista da sua preservação: a cobertura e as fachadas. Para subsidiar estas duas frentes de pesquisa, uma terceira tarefa fazia-se necessária, a saber, a elaboração de um dossiê abrangente sobre o edifício, visando o entendimento de suas características físicas, seu histórico e seu significado, buscando também identificar e suprir lacunas de conhecimento e de documentação, para embasar decisões de preservação no futuro. Assim, o relatório final do projeto compunha-se de 3 partes, denominadas tarefas, expostas a seguir.
A Tarefa 1 apresentou o edifício, seu significado cultural, suas características físicas, transformações ao longo do tempo e principais vulnerabilidades. Também no âmbito da Tarefa 1, foi realizado um levantamento cadastral (as built) do edifício – algo que nunca havia sido realizado, e que é obrigatório, não somente como documentação do estado atual do edifício, mas enquanto base real para futuros projetos e intervenções que possam vir a ocorrer.
A Tarefa 2 desenvolveu um plano de monitoramento constante da membrana de impermeabilização à base de poliureia aplicada na última obra de recuperação da cobertura do edifício, a partir do estudo aprofundado de suas características de desempenho e estado de conservação. Além disso, foram estudados os demais elementos que interferem no sistema de impermeabilização, tais como movimentos estruturais da laje, juntas de dilatação, prumadas de captação de agua pluvial, arremates, sistema de instalação dos domos e rufos, proteção contra descargas atmosféricas, etc. Assim, a partir da análise de todos esses elementos, foi desenvolvido um plano de conservação para a cobertura.
A Tarefa 3 se concentrou na investigação da composição do concreto armado das empenas e seu estado de conservação. A primeira providência foi o levantamento de danos e a localização e quantificação dos reparos recém-executados na última obra de recuperação do Edifício Vilanova Artigas, a partir de varredura a laser realizada por equipe da Universidade de Ferrara. Para a determinação da composição e resistência do concreto foram realizados testes in situ e análises laboratoriais de amostras (corpos de prova), com ensaios físicos e mecânicos, a cargo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), para estabelecer alguns parâmetros quanto a seu traço, capacidade de absorção de água, volume de vazios, massa específica, resistência à compressão e módulo de elasticidade. Esses testes foram realizados por amostragem, uma vez que trata-se de testes destrutivos, que exigiriam a remoção de um número grande de corpos de prova, algo não aconselhável numa estrutura de interesse histórico, tanto por segurança como pela interferência na imagem do edifício. Essa frente de trabalho também avaliou a situação atual da corrosão das armaduras de aço do concreto, por meio de determinação e monitoramento das variáveis eletroquímicas. Os resultados guiarão intervenções futuras que terão como alvo áreas que apresentam um maior risco de danos ao concreto. Pretende-se, assim, minimizar as áreas de intervenção e prevenir a perda desnecessária de material original.
Dessa forma, foi possível reunir um conjunto de informações e análises sobre o Edifício Vilanova Artigas indispensável para a sua conservação, a ser amplamente divulgado, de forma a contribuir para a preservação do importante patrimônio moderno brasileiro. O desafio seguinte é implementar os procedimentos de manutenção e conservação especificados, configurando-os como um compromisso institucional da FAUUSP.
A conservação do Edifício não deveria também se preocupar com o volume de pichações em suas áreas abertas.
Uma vez que é um patrimônio e uma Faculdade de Arquitetura deveria exigir dos seus alunos que os ambientes ficassem LIMPOS tanto fisicamente como visualmente.
Não acredito que o Sr Artigas ficaria feliz em ver as grandes áreas abertas encardidas e depredadas pela pichação.
Sem contar o mobiliário velho e degradado, há salas de aula com carteiras de madeira !!
Sei que uma escola se faz pela qualidade dos professores e não questiono este aspecto da FAU. Mas quem aprecia a beleza de um ambiente e a ocupação de um espaço não tem boa impressão ao caminhar pelos vários espaços da FAU.