Nota de pesar – Victor Noel Saldanha Marinho

 

 

 

 

Foto: http://www.hotelilhadoboi.com.br/pt/fotos

O arquiteto Victor Noel Saldanha Marinho, membro do Escritório Técnico da Cidade Universitária do Rio de Janeiro, colaborador de Oscar Niemeyer e por décadas consultor do Departamento Nacional do Senac, faleceu aos 90 anos no último dia 28 de março. Entre as obras assinadas pelo arquiteto se inscrevem o Condomínio Sesc-Senac, que abriga a sede nacional de ambas as instituições, no Rio de Janeiro, e as unidades do Senac de Brasília, Florianópolis e o Hotel Senac Ilha do Boi, em Vila Velha, Espírito Santo. Entre os trabalhos mais recentes, participou do Programa Senac Móvel, transformando vagões ferroviários desativados em unidades de ensino.

Mais informações sobre o Hotel Senac Ilha do Boi em:
http://www.hotelilhadoboi.com.br/
Mais informações sobre o projeto Trem do Conhecimento em:
http://www.faperj.br/?id=1166.2.6
http://www.jb.com.br/rio/noticias/2008/12/15/cabral-inaugura-primeiro-vagao-do-trem-escola-em-nilopolis/

 

Lançamento Anais IV Docomomo-Rio

Segue aqui anexado arquivo com os Anais do IV Seminário Docomomo Rio – O Moderno no Rio: do Risco ao Risco, realizado nesta cidade nos dia 31 de outubro e 1º de novembro de 2017.

O Moderno no Rio do Risco ao Risco

ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS

Andréa de Lacerda Pessôa Borde
Maria Helena Röhe Salomon
Renato da Gama-Rosa Costa

ISBN 978-85-88027-42-8

TEMA
O MODERNO NO RIO: DO RISCO AO RISCO
É inegável o lugar que o Rio de Janeiro ocupa na historiografia da arquitetura e do urbanismo modernos do Brasil e da América Latina. O risco moderno é um elemento importante da configuração espacial de muitas cidades fluminenses. Temos tanto um patrimônio moderno reconhecido pelos órgãos de tutela e que recebem apoio
internacional para a sua conservação como exemplares notáveis que, mesmo tendo sua singularidade enaltecida nos estudos críticos, não logram este reconhecimento e/ou o apoio para sua gestão.
O que nos permite considerar que o risco moderno está em risco nos faz questionar:
. Qual o estado de conservação deste legado?
. Quais as ações implementadas para a sua preservação
(conservação e documentação)?
. E, sobretudo, qual o futuro do moderno no Rio?

EIXOS TEMÁTICOS

O RISCO MODERNO NO RIO – contempla estudos e reflexões críticas sobre arquitetura, urbanismo e paisagismo concebidos de acordo com os preceitos do Movimento Moderno. Volta-se, em especial, à documentação, recepção e difusão dessa produção e seus rebatimentos na formação do espaço urbano contemporâneo das cidades fluminenses.
Os artigos e painéis selecionados abrangem análises de: projetos arquitetônicos e urbanísticos destinados como habitações individuais e coletivas, aos espaços institucionais e de saúde e ensino, bem como sua difusão mundo afora; e de projetos e obras de arquitetos e urbanistas modernos radicados no Rio de Janeiro, compreendendo um período largo na história da cidade, da década de 1920 a anos mais recentes e destacando a participação feminina, como Carmen
Portinho e Lota de Macedo Soares, neste contexto.

O MODERNO EM RISCO NO RIO – contempla os estudos e reflexões críticas sobre o patrimônio moderno em risco no Rio de Janeiro e as ações promovidas para conservação e gestão desse patrimônio.
Os artigos e painéis selecionados contribuíram para a reflexão sobre a conservação da arquitetura moderna no Rio de Janeiro – edifícios residenciais, universitários, hospitais e instituições de saúde – submetida aos desafios do tempo e da manutenção de uso bem como alertaram para ações de salvaguarda necessárias à conservação dos bens modernos tendo em vista as mudanças climáticas em curso.

CONPRESP tomba várias obras modernas paulistanas

Com informações do Núcleo Docomomo SP

Fotos Helio Herbst (Residência Oscar Americano, projeto Oswaldo Arthur Bratke)

 

Na reunião do CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) , em 12/03/2018, foram tombadas várias obras da arquitetura moderna paulistana. Professores/as e pesquisadores/as mobilizaram-em apoio ao tombamento, sendo incluída uma carta elaborada pelo professor José Lira na ata da reunião, reproduzida no final deste texto.

Bem tombados:

Gregori Warchavchik
Edifício Mina Klabin Warchavchik
Conjunto de casas econômicas na Barão de Jaguara
Salão de Festas do Clube Pinheiros

Rino Levi
Laboratório Paulista de Biologia
Conjunto Hospitalar A.C.Camargo
Edifício Porchat
Edifício Trussardi

Convenio Escolar
Escola Estadual Pandiá Calógeras, Mooca
Escola Estadual Brasílio Machado, Vila Mariana
Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos Helen Keller
Biblioteca Roberto Santos, Ipiranga
Biblioteca Adelpho Figueiredo, Canindé

Rodrigo Lefèvre 
Casa Pery Campos
Casa Dino Zammataro

Oswaldo Bratke
Fundação Oscar e Maria Luisa Americano
Edificio Lineu Gomes

+ Conjunto de 31 edifícios modernos (no bairro de Perdizes)

Casos muito importantes, como obras de Vilanova Artigas, Hans Broos, Paulo Mendes da Rocha, e conjuntos como o Parque das Fontes do Ipiranga e a Cidade Universitária da USP, tiveram seu exame adiado para outra reunião (a ser realizada em 19/03/2018). Parte do conjunto de edifícios modernos propostos para tombamento não foi incluído.

Segue portanto necessário continuar atuando em prol da efetiva preservação desse patrimônio moderno.

Carta elaborada pelo professor José Lira

Ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – CONPRESP
Ilmo. Sr. Cyro Laurenza
Presidente do CONPRESP

São Paulo, 8 de março de 2018

Prezados(as) Senhores(as),

É com profundo interesse que a comunidade arquitetônica e patrimonial de São Paulo vem acompanhando os processos de tombamento e preservação de bens arquitetônicos modernos construídos na cidade entre os anos 1920 e 1970. Afinal, além da excepcional qualidade artística de um bom número deles, em conjunto evocam um momento crucial de afirmação física, social e cultural da metrópole. A força desta arquitetura na configuração da nova ecologia metropolitana é proporcional a seu peso nos processos contemporâneos de expansão e adensamento da malha urbana, verticalização das áreas mais centrais, ascensão de novos padrões residenciais e instalação em toda parte de espaços modernos de trabalho, consumo, lazer, esportes, cultura, educação e saúde.

É verdade que muitos dos marcos arquitetônicos desse processo se perderam nas últimas décadas, substituídos por uma quarta ou quinta camada de urbanização autofágica, ou abandonados à ação da matéria e aos constrangimentos provocados pela marcha inexorável da urbanização, por obras viárias inflexíveis, projetos imobiliários imediatistas e intervenções no mínimo desastradas. De qualquer modo, como em toda grande cidade que se pretenda um polo de civilidade no planeta, aqui e ali, também em São Paulo, alguns deles resistem. Se bem salvaguardados, haverão de afirmar-se como marcos fundamentais de orientação dos cidadãos no espaço e no tempo, de preservação de uma escala humana na megalópole, de coesão social em torno de um sistema cultural urbano comum, essa espécie de acervo vivo de estruturas e figuras nas palavras de Giulio Carlo Argan, capaz de fornecer balizas seguras ao conhecimento e ao desenvolvimento das cidades.

Com a iniciativa de tombamento, oferece-se assim uma resposta consistente com os esforços historiográficos das duas últimas décadas no sentido do conhecimento, valorização e ampliação do corpus de obras de arquitetura moderna paulista, e ao mesmo tempo uma contribuição para a qualificação do ambiente construído local. Trata-se, portanto, de uma iniciativa fortemente enraizada na mais atualizada pesquisa científica, com benefícios inestimáveis para o público em geral, crescentemente interessado pelo patrimônio edificado – vide o sucesso de exposições, publicações e jornadas a seu respeito – assim como para as futuras gerações de habitantes e visitantes da cidade. Preservar esses bens não só salvaguarda a memória de grupos sociais os mais diversos, como garante a densidade histórica, cultural e ambiental necessária para o futuro de uma cidade do porte de São Paulo.

A relevância e a complexidade do acervo em exame é tal que qualquer decisão a respeito de sua preservação deverá se valer das análises qualitativas e dos cuidadosos estudos técnico-patrimoniais que vem notabilizando o Departamento de Patrimônio Histórico desta Secretaria Municipal de Cultura já há mais de três décadas. Neste sentido, é que vimos perante este Conselho Municipal solicitar atenção ao valor patrimonial deste Conjunto de Arquitetura Moderna reunido nos vários processos sob seu zelo, no sentido de sua efetiva preservação pelos meios legais.

Atenciosamente,

Carlos Alberto Cerqueira Lemos (Professor Titular da FAU-USP, Diretor técnico do Condephaat, 1968-1981, Ex-Conselheiro do Condephaat, do Iphan e do Conpresp)

Benedito Lima de Toledo (Professor Titular da FAU-USP, Ex-Conselheiro do Condephaat)

Monica Camargo Junqueira (Professora Associada da FAU-USP, Ex-Conselheira do Conpresp)

Joana Mello de Carvalho e Silva (Professora Doutora da FAU-USP)

José Tavares Correia de Lira (Professor Titular da FAU-USP)

Ana Lúcia Duarte Lanna (Professora Titular da FAU-USP, Ex-Presidente do Condephaat)

Beatriz Mugayar Kuhl (Professora Titular da FAU-USP, Ex-Conselheira do Condephaat)

Cristina Meneguello (Professora Associada IFCH-Unicamp, Conselheira do Condephaat)

Maria Lucia Bressan Pinheiro (Professora Associada FAU-USP, Ex-Conselheira do Condephaat)

Flavia Brito do Nascimento (Professora Doutora da FAU-USP, Conselheira do Condephaat)

Hugo Massaki Segawa (Professor Titular da FAU-USP)

Ruth Verde Zein (Professora Doutora da FAU-Mackenzie)

Luis Recamán Barros (Professor Doutor da FAU-USP)

Silvana Barbosa Rubino (Professora Associada IFCH-Unicamp, Ex-Conselheira do Condephaat)

Guilherme Teixeira Wisnik (Professor Doutor FAU-USP)

Ana Paula Koury (Professora Doutora da FAU-São Judas)

Renato Sobral Anelli (Professor Titular do IAU-USP)

Andrea de Oliveira Tourinho (Professora Doutora da FAU-São Judas)

Fernando Vásquez (Professor Doutor da FAU-São Judas, Coordenador Docomomo-SP)

Helena Ayoub (Professora Doutora da FAU-USP)

Miguel Buzzar (Professor Associado e Diretor do IAU-USP)

Luis Antonio Jorge (Professor Associado da FAU-USP)

Sabrina Fontenele (Professora colaboradora do IFCH-Unicamp)

Paulo Cezar Garcez Marins (Prof. Doutor Museu Paulista da USP, Conselheiro do Condephaat)

Cecília Rodrigues dos Santos (Profa. Doutora da FAU-Mackenzie, Superintendente Iphan-SP)

Carlos Alberto Ferreira Martins (Professor Titular do IAU-USP, Ex-Presidente da ANPARQ)

Ana Lucia Ceravolo (Professora Doutora, Ex-Presidente da Fundação Pró-Memória de São Carlos)

Sarah Feldman (Professora Associada Senior IAU-USP, Conselheira do Condephaat)

Nadia Somekh (Professora Titular da FAU-Mackenzie, Ex-Diretora do DPH-SP)